Capítulo 1 — O Início de Tudo (ou o Nada Antes do Post)
Era uma vez, em um canto modesto da internet, um usuário — talvez você, talvez eu, talvez alguém que se esconde atrás de um teclado sujo de migalhas de pão — que decidiu, numa tarde comum, fazer um novo post.
Mas não um post qualquer.
Um post que mudaria tudo.
Ou pelo menos, um post que aparecesse legal na timeline.
“Vou fazer esse post para ver como ficará com o título e tudo”, disse para si mesmo, num tom que misturava expectativa com a ansiedade típica de quem não sabe se está criando algo incrível ou só enchendo linguiça digital.
A jornada havia começado. O cursor piscava na tela como um guia silencioso: Venha, digite. Invente. Escreva.
Mas o que escrever?
Capítulo 2 — A Tentação do Lorem Ipsum
“Eu poderia usar um lorem ipsum”, pensou.
Sim, aquele texto de mentira, velho conhecido dos designers, que enche espaço como um figurante em novela das 7.
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Era tentador. Era rápido. Era seguro.
Mas não era divertido.
E, acima de tudo, não era dele.
“Não”, decidiu. “Prefiro escrever letra por letra. Palavra por palavra. Ponto por ponto. Eu vou criar o post como um escultor cria uma obra em mármore. Só que com menos mármore e mais cafeína.”
Capítulo 3 — O Título: O Primeiro Desafio
A primeira batalha da jornada era dar um nome à criatura.
O título.
O chamativo.
O brilho no olho de quem passa rolando o feed e, por um breve segundo, para. Lê. Clica.
“Precisa ser impactante… mas também misterioso. Não muito longo, mas também não muito curto. Sabe?”
Ele testou:
- “Meu Novo Post”
- “Post de Teste”
- “Olha Isso Aqui”
- “Leia Se Tiver Coragem”
Nada funcionava.
Até que, num surto de autoironia e inspiração impulsiva, surgiu o que parecia perfeito:
“O Nobre Ofício de Postar: Uma Jornada Épica Pela Criação do Post Perfeito (ou Quase)”
Era ridículo. Mas era autêntico.
Capítulo 4 — Escrevendo Com a Alma (Ou Com o Teclado Mesmo)
Agora vinha a parte séria.
O texto.
Mas como começar um texto que é sobre o próprio ato de escrever um texto?
Fácil: escrevendo exatamente isso.
“Estou escrevendo este post enquanto penso no próprio processo de escrever este post.”
Meta, sim.
Confuso? Um pouco.
Mas divertido? Muito.
Ele começou a narrar sua própria aventura como se fosse o Frodo levando o Um Anel até Mordor — só que, em vez de anéis mágicos, havia parágrafos tortos, dúvidas existenciais, e a constante necessidade de revisar ortografia.
Cada frase escrita era uma pequena vitória.
Cada ponto final, uma respiração de alívio.
Cada vez que clicava em “Ctrl + S”, uma salva de palmas invisível ecoava em sua mente.
Capítulo 5 — A Crítica Imaginária
Enquanto escrevia, começou a ouvir vozes.
Não no sentido preocupante (embora talvez merecesse uma pausa para água), mas as vozes da crítica imaginária:
“Quem vai querer ler isso?”
“Isso está muito longo, ninguém mais lê mais de 280 caracteres!”
“E se for um flop total?”
Mas ele contra-atacava com otimismo:
“Talvez flop, mas talvez também viralize. Nunca se sabe. A internet é um lugar estranho.”
E continuava.
Porque escrever um post é, no fundo, um ato de fé: acreditar que alguém, em algum canto do mundo, vai se conectar com aquelas palavras digitadas com tanto carinho e (às vezes) desespero.
Capítulo 6 — Revisar ou Não Revisar?
Chegou o momento da revisão.
A hora de reler tudo com o olhar do carrasco: impiedoso, detalhista, chato.
Mas também havia a tentação de simplesmente… publicar.
Sem filtro.
Sem correção.
Cru, como veio ao mundo digital.
“Será que deixo esse errinho de digitação como um toque humano?”, pensou.
“Ou será que corrijo para não parecer desleixado?”
Optou pelo meio-termo: corrigiu o grosso, mas deixou uma vírgula fora do lugar de propósito. Só para dar charme. E porque a perfeição é superestimada.
Capítulo 7 — A Escolha da Imagem
Post sem imagem é como pão sem recheio.
Então ele vasculhou pastas, sites de imagens livres de direitos autorais, memes antigos no WhatsApp.
Considerou uma foto sua de 2017.
Rejeitou.
Considerou um gato com óculos escuros.
Quase.
Acabou escolhendo uma imagem estranha e abstrata que ninguém entenderia — o que, paradoxalmente, a tornava perfeita.
Capítulo 8 — O Grande Momento: Publicar
Agora tudo estava pronto.
O título.
O texto.
A imagem.
Era hora de clicar no botão mágico.
“Publicar.”
O dedo pairou sobre o botão por alguns segundos, como um míssil prestes a ser lançado.
Ele respirou fundo.
Fechou os olhos.
E clicou.
Silêncio.
Depois, a notificação:
“Seu post foi publicado com sucesso.”
Capítulo 9 — E Agora?
A ansiedade do “e se ninguém curtir?” chegou antes mesmo do primeiro like.
Ele atualizou a página.
Nada.
Dez segundos depois:
Um like.
Depois dois.
Um comentário:
“Cara, ri demais com isso!”
Outro:
“Não sei se é genial ou só muito meta. Mas gostei!”
Ele sorriu. Não por vaidade, mas por cumplicidade.
Alguém entendeu.
Alguém se conectou.
E isso já era o bastante.
Capítulo 10 — O Fim (Ou o Começo de Outro Post)
Escrever um post, ele concluiu, é um pouco como enviar uma garrafa ao mar.
Você joga suas palavras, suas ideias, seus sentimentos ali dentro e torce para que alguém encontre.
Às vezes, a garrafa afunda.
Às vezes, ninguém nota.
Mas às vezes… alguém pega, abre, lê, e entende.
E esse momento faz tudo valer a pena.
Por isso, ele já começava a pensar no próximo post.
Talvez algo sobre procrastinação.
Ou sobre como escrever 1500 palavras só para dizer que escreveu um post novo.
Mas isso…
É outra história.